Nova Eja - Uma experiência enriquecedora
Consideramos que os jovens e adultos não
concluíram os estudos em função de interdições sociais diversas que geraram seu
afastamento da escola. Entre os homens é comum o abandono da escola em
decorrência da inserção precoce nos mundos do trabalho precário. Quanto às
mulheres, essa mesma realidade ocorre complexificada por casos de gravidez. É
comum que as mulheres abandonem a escola na adolescência em função da
necessidade de “cuidar” dos seus recém-nascidos, ainda mais em uma sociedade
marcada profundamente pela lógica machista. Deste modo, faz-se necessário
compreender as temporalidades diversas próprias de cada grupo dos sujeitos
acima especificados, no que tange a procura pela “escola”.
Quando nos referimos
aos sujeitos integrantes da Educação de Jovens e Adultos, temos uma grande
particularidade em evidência, a pluralidade de todos os envolvidos nesse
processo educativo. Assim, como os/as estudantes, os/as professores possuem
suas especificidades, práticas pedagógicas e sociais, todas relevantes para a
construção de uma proposta para essa modalidade tão diversificada.
Considerando as
especificidades da EJA, paradigmas próprios do nível regular de ensino
fundamental e médio devem ser abandonados e novas concepções devem ser
construídas, analisadas e praticadas. Entendemos que a EJA requer a
constituição de um grupo de professores e professoras com um perfil específico.
Profissionais com sensibilidade e conhecimento do mundo jovem e adulto, de sua
cultura e de suas formas de inserção nos mundos do trabalho. Essa
necessidade se torna ainda maior quando se propõe um projeto cuja base é o
trabalho de equipe, que não se organiza por disciplinas estanques. Essa
proposta exige professores e professoras dispostos a uma postura de igualdade e
de solidariedade entre os participantes do projeto. A identidade dos
professores e professoras, sua inserção política, sua experiência pedagógica,
suas habilidades específicas são dimensões que se expressam no cotidiano da
prática educativa. É importante que a heterogeneidade possa dialogar almejando
à expressão e à vivência de valores éticos na construção conjunta de novos
conhecimentos e saberes.
Jovens e adultos são
desafiados a reconhecer e nomear os saberes por eles produzidos nas várias esferas
da vida. Ao propor o reconhecimento dos saberes da experiência, consideramos a
distinção entre conhecimento – produto formalizado de acordo com os cânones
acadêmicos, reconhecido e valorizado socialmente – e saber – produzido pelos
sujeitos na experiência, não adquire a formalização que confere o
reconhecimento social. O desafio é então pronunciar o saber que emerge da
experiência, do trabalho e da cultura para causar a reflexão sobre esses
saberes.
A proposta
metodológica precisa propiciar que os/as participantes da EJA estabeleçam entre
si relações horizontalizadas e de confiança, vivenciando situações propícias
para a formulação de perguntas, o exercício amplo da fala, as trocas de
experiências e a produção e socialização de novos saberes e conhecimentos.
Assim, a interação entre sujeitos, o respeito às identidades e a alteração das
relações de poder se constituem em elementos fundamentais para a produção do
conhecimento.
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